Empresas ameaçam retirar de circulação novos ônibus em Manaus


As empresas de transporte coletivo urbano de Manaus ameaçam retirar os veículos novos de circulação e até mesmo romper o contrato com a Prefeitura caso a Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) não aponte alternativas para reduzir os congestionamentos e coibir o avanço dos transportes clandestinos.

Esses dois problemas são apontados pelos empresários como os motivos de um déficit no faturamento previsto pelas empresas e pela própria prefeitura, que já passa de R$ 29 milhões só nos primeiros seis meses de operação. E a medida drástica já tem até data para acontecer: novembro deste ano, segundo o diretor jurídico das empresas, Fernando Borges.

De acordo com ele, os empresários pretendem entrar na Justiça contra a prefeitura, caso continuem a ter faturamento mensal abaixo de R$ 48,7 milhões - valor previsto, em edital, pela SMTU, à época do contrato.

Segundo Borges, um ofício foi encaminhado à Prefeitura de Manaus no dia 30 maio, alertando sobre a situação e as medidas que podem ser tomadas para minimizar os prejuízos. “A ideia é iniciar um diálogo para resolver o problema. Esse déficit é uma situação insustentável”, disse.

Sem retorno

O advogado explicou que, no ato da licitação, o município indica o quanto a empresa deve faturar com o contrato. “Investimos em financiamento de veículos, peças, óleo diesel, funcionários, aluguel de garagem, mas o retorno não vem.”

Fernando informou que o déficit médio mensal das empresas é de R$ 4,9 milhões. “Daí a notificação para eles estarem avisados. Ninguém é obrigado a trabalhar no prejuízo. Se chegar em um ponto de total falta de diálogo, podemos pedir uma autorização judicial para deixar de operar. Mas esperamos que isso não aconteça, pois estamos lidando com serviço público”, disse o advogado.

Na planilha de faturamento, apenas no mês de março, a previsão de faturamento foi superada, atingindo o montante de R$ 49,2 milhões. Nos demais meses, os ganhos variaram entre R$ 41,3 milhões e R$ 44,9 milhões.

Reajuste da tarifa

Segundo Borges, uma outra medida para evitar prejuízos e a quebra do contrato seria um novo reajuste de tarifa. “Quando falo de reajuste é um reajuste além do anual. É um reajuste por desequilíbrio econômico do contrato”, avisou.

De acordo com ele, a Lei Federal de Concessões (8.987/1995) estabelece garantias e condições contratuais para as prestadoras de serviço, mediante a previsão dada pelo município, o que abre margem para que as empresas de transporte coletivo acionem a Justiça. Como a meta estava prevista em edital, as empresas podem solicitar, judicialmente, uma readequação operacional para deixar de realizar investimentos.

“Se chegar num ponto de não se equacionar essa questão, pode-se haver uma redução da frota de carros novos. Mas, isso vai depender de uma autorização da Justiça ou da Prefeitura”, disse.
Fonte:A Crítica

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